quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A ROSA E O VENTO


- Puxa, sr. Vento, o que houve ? Por que este nervosismo, todo ?
- Não, senhorita Rosa, eu não estou nervoso, não ! A questão, é que eu pensei que um grande temporal estivesse me rastreando, então voei mais rápido, só isso.
- Só isso ?! Retrucou a Rosa com veemência e continuou no seu protesto :
- Olha o que o senhor proporcionou-me. Deixou-me completamente despida ! Isso é uma safadeza das grossas ! Eu hein ! Olha, sr. Vento, presta atenção no que vou lhe dizer : Um certo poeta, a alguns tempos, em um de seus muitos poemas, declarou que " As Rosas não falam ". Devo dizer-lhe, sr. Vento, que tal conceito poético a mim não abrange, porque eu penso, eu falo, eu escuto, eu respondo, eu ... E outra coisa, não adianta o senhor ficar pasmado, ficar com a garganta com sons estrangulados, a boca aberta, os olhos revirados, ora para cima, ora para os lados, porque se o senhor pratica todos esses dizeres que eu enfilerei, eu também posso praticá-los; pois o sol nasceu para todos, portanto ... - Oh, minha amiga, queira desculpar-me, não houve a intenção ! Embora eu confesse que sempre desejei esse momento, mas a senhorita vestida com suas pétalas, é muito mais linda !
- Claro, seu imoral ! O senhor não sabe que o nosso Criador escreve certo por linhas certas e não por linhas tortas, como alguns falam ? Porque se assim não fosse, seria um desconexo. É bom entendermos que o prolongamento de algo, seja ele qual for, se baseia no seu original : se o original é belo, todo o seu extenso também será. Se é horrível de feio, o original também o é.
Diz o provérbio popular que tudo que nasce torto, prevalece torto. Nunca , sr. Vento, tomou conhecimento desse provérbio ? As pétalas são as minhas roupas originais. E segundo as suas palavras, eu sou muito mais linda dentro das minhas vestes, que são as minhas pétalas, então ...
- Ih, senhorita Rosa, se você fosse dar aulas, seria uma ótima professora. E eu gostaria, se a senhorita concordasse, fazer parte na sua turma de alunos, que tal ?
- Não adianta vir com esse papo de elogio para cima de mim, não, porque não cola, sr. Vento. Não adianta insistir, porque comigo o senhor não arrumará nada, ouviu seu ventania desequilibrado !
- Nada, mesmo, senhorita ?
- Nada vezes nada, tenho dito !!!
- Minha cara, Rosa, posso lhe fazer só mais uma pergunta ?
- Depende ! Se não for uma daquelas que venha aborrecer-me, tudo bem.
- Não, prezada Rosa, é somente uma curiosidade.
- Ok, vamos lá, faça a pergunta !
- Quem é o felizardo ? Para quem a senhorita estendeu o tapete vermelho da entrada do seu coração ? É possível eu saber ?
- Não. Por enquanto, não. Mas quando a minha rainha voltar, o senhor tomará conhecimento de quem é o verdadeiro amor da minha vida. Quando o tal momento chegar, os jardins estarão repletos das minhas irmãs e amigas. Então, uma grande festa acontecerá em homenagem a nossa " Prima..." .


Jayme Salema / 2006

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