quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O CRAVO VERMELHO E A ROSA BRANCA NA FORMA DE UMA CRÔNICA.




Depois de muitos anos, um reencontro. Ele de veste vermelha e ela de veste branca.

Olham-se, se miram e imaginam que está havendo um engano :

_ Será ela mesmo ?

_ Será ele ?

_ Parece-me tão nova, ainda, que poderia até ser minha filha !

Será que é isto mesmo ? Eu vou dirigir-me a ela, porque só assim conseguirei

decifrar este enígma !



Oi, é tu mesma quem penso que é ?



_ Como assim ?

_ Parece-me que nós dois já fizemos parte do mesmo jardim ! Não lembras ?

_ Aonde ficava este jardim ?

_ Era um lindo jardim ! Ele localizava-se na Mansão da Família Divina Magalhães !

_ Ah, bem ! Estou lembrando-me sim ! Tu eras o líder, o Cravo Vermelho, não

eras ?

_ Sim ?! E tu eras a linda Rosa Branca !

Uma coisa que eu não esqueço daquele tempo, era quando o Beija-Flor vinha sugar

do nosso néctar, tu lamentavas pra caramba, lembras-te ? E eu ria às gargalhadas

pelas suas reclamações. Eras muito engraçada ! Ainda continuas, assim ?

_ Com o tempo, tu verás se eu continuo a mesma ainda, tá inqueridor ?

_ Escuta, Rosa Branca, se eu te fizer uma proposta, tu aceitas ?

_ Depende !

_ Podemos continuar nossa amizade, que naquela época era muito de vagar ?

_ É óbvio que podemos, ora veja ! É só a gente acertar alguns detalhes, e esta

amizade virá mais fortalecida, não achas ?

_ Quais são estes detalhes ?

_ Não pergunta-me coisas que não posso te responder agora, ok ?

Com o andar da carruagem, quem sabe, os detalhes poderão manifestar-se. É só

esperarmos e tudo virá à tona, está bem ?

_ Ok, Rosinha Branquinha !

Sabias que naquele tempo a tua presença, teu rosto, naquele jardim, enchia a

paisagem circular ? Tudo era belo, diferente, típico ... Até o teu corpo branco,

pelo menos assim eu o via, tinha a formosura de uma Rosa Branca !

Já reparaste, princesa, que eu só sei te tratar com elogios ? : Bela, linda, princesa,

amável, formosura ... e tu nunca agradece-me ! Já notou isto ? Mas tudo bem, não

é isto que vai desfazer a nossa amizade, ok ? Eu continuo sempre teu amigo e

deliciando-me com a tua beleza !

_ Está bem, Cravo Vermelho, eu prometo que a partir de agora eu sempre

procurarei agradecer os elogios que fizeres a minha pessoa, certo ?

Não precisas chorar, Cravinho meu ! Somos ou não somos amigos, hein ?

_ Gostei desta tua atitude : Cravinho meu ! Foi lindo ! Grato, linda !

Sabes, eu não ando muito bem, não ! Estou mais pra lá do que pra cá, entendeu ?

Minhas pétalas, por exemplo, estão ficando um pouco pálida. Estão perdendo a

cor original ! Afinal, minha idade já chegou lá em cima ! Pouco falta para chegar ao

final !

_ Qual é a tua idade, hoje, meu nobre Cravo ?

_ Por favor, Rosa Branca, pega leve, está bem ?

_ Ué ! Qual é o problema em perguntar a idade, hein ?

_ Ok, Rosa Branca ! Eu pergunto : por que queres saber a minha idade ? É pra

chamar-me de vovô Cravo Vermelho, é ? Vamos fazer o seguinte, diga-me a tua

idade primeiro, que eu te direi a minha, certo ?

_ Nada disto !!!

É falta de educação questionar a idade de uma dama, sabia ?

_ Concordo plenamente, madame Rosinha Branquinha !

Mas tu não tens cinquenta e três anos ?

_ Como advinhaste ?

Ah, é !!! Tu não tens setenta e quatro anos e mais um pouquinho ? Gostou ???

_ Caramba ! Vai advinhar assim, lá na China ! Como pode isto ?

_ Ué ! Não advinhaste a minha ?!

São elas por elas, ora veja !

Os dois se olham, se miram, e gargalham : kkkkk ... e dizem : nós somos muito

bobos ! através do nosso PC todos sabem a nossa idade !!! e voltam a gargalhar

novamente : kkkkk ...

Os vizinhos, as outras flores, dizinham : Quantas alegrias entre o líder Cravo

Vermelho e Rosa Branca ! Isto é muito lindo !!!

_ Querida, sabes muito bem que nós, na forma de flores, respiramos no vento,

não é ? Que tal a gente, através de nossa amizade, respirarmos o vento que

circula nosso ser, nosso afeto, nosso carinho, nossa amabilidade, hein ? Afinal,

estamos na Primavera, nossa estação preferida, não é ? Então, vamos fortalecer

mais nossa amizade e continuarmos no nosso Jardim aonde nos conhecemos e

aonde nossas pétalas não se envelhecem e jamais cairão :

_ Jardim de Deus !!!


Jayme Salema / 2010





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