terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ELEGIA À CIDADE


Ah, Cidade !
O mal espalhou-se pelo teu corpo !

Criando em ti, que és bela entre
As meis belas, uma torrente de
Aflição que corre no teu leito
( Até quando ?!), desaguando no mar
Das grandes dores.

No anfiteatro sombrio, a lua, quando
Num símile de balança, parece pesar
As iniquidades e os sofrimentos de
Teus filhos. Tua história esvaziou-se
Dos teus encantos-mil. Paraste de
Pulsar no peito dos que te amavam e
Invejavam tua formosura maravilhosa.

Teus afluentes acolhem os muitos
Desajustados das vidas mortas, que
Descem e saem dos montes e cubículos
Dos enganos.

O perigo, envolto em mortalhas, com
Mãos revestidas de sombras, espreita
Suas vítimas a bordo das tuas entranhas.

Sob as pálpebras da noite o medo, trêmulo,
Navega no RIO da morte !

Dormir ?

Sonhar ?

Como ?!


Jayme Salema / 1996

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